No final do passado mês de janeiro, o deputado madeirense do PTP (Partido Trabalhista Português) José Manuel Coelho foi condenado a um ano de prisão efetiva pelo Tribunal da Relação de Lisboa por práticas de difamação, neste caso, ao antigo dirigente do PCTP/MRPP, António Garcia Pereira, acusando-o de ser "agente da CIA" e de "fazer processos aos democratas da Madeira" a pedido do então Presidente Regional da Madeira, Alberto João Jardim.
Por mim, o senhor deputado devia era levar um ano extra de prisão por ter queimado a mim (e a outros leitores inocentes) as retinas dos olhos que vislumbraram este indivíduo apenas de cuecas em março de 2016, altura em que protestava pelos seus vencimentos terem sido penhorados durante uma sessão de trabalhos do plenário da Assembleia da Madeira. Deixo aqui uma imagem que vos recordará do acontecimento:
José Tranquada Gomes (presidente da Assembleia da Madeira),
possivelmente a desejar não ter comparecido ao trabalho.
Continuando, os acontecimentos relatados em primeiro lugar neste post não ficaram por aqui. O senhor José Manuel Coelho, habituado a revoltar-se com a tirania da sociedade "corrupta, social-democrata!", decidiu pedir asilo político no passado dia 6 de fevereiro a um estado que autoproclama como independente. Estamos a falar, claro, do Principado da Pontinha, ilhéu não reconhecido pela ONU, mas "reconhecido pelas várias instâncias internacionais" (de acordo com José Manuel Coelho, pelo menos) e digno o suficiente para ter uma entrada na Wikipédia (deixarei um link no final desta publicação que vos redirecionará a esta menção).
Para os nossos leitores que apreciam Geografia, apresento
a localização geográfica do Principado.
E, se por esta altura, o leitor (ou a leitora, por favor não me bata Catarina Martins) não considera esta história digna de um senhor semi-chalupa (como diria Ricardo Araújo Pereira, para efeitos judiciais) como o deputado José Manuel Coelho, continue a ler, pois ainda há mais.
De acordo com a página da Wikipédia, o Principado da Pontinha é essencialmente... uma rocha. Encontra-se a 70 metros do Funchal, e tem como forma de Governo uma monarquia constitucional liderada pelo príncipe D. Renato Barros II "O Justo" (ou "O Demente", como o leitor preferir), um utilizador ávido de uma capa dourada retirada de uma loja de "fantasias" (oh, the irony!), que revela a preocupação do príncipe em arranjar um fato de Carnaval antes que esgotassem para poder ir a Torres Vedras bem vestido. Fundada há 10 anos, esta micronação é habitada por 1 indivíduo (uma estimativa apenas para 2017, sabendo que o próprio príncipe não reside no território, talvez porque alaga frequentemente com a maré cheia), tem um hino nacional, bandeira, brasão, e outras traquitanas, enfim, é a micronação não reconhecida pela ONU mais completa que conheço até à data (sendo esta a única).
Calma, o D. Renato tem direito a um guarda-costas?
...E já agora, poderiam abotoar a camisa do senhor deputado?
Regressando agora a José Manuel Coelho, se tudo correr de acordo com os seus planos, tendo a proteção do "Príncipe Chalupa", o estado português não poderá enviar as suas forças militares para retornar o asilado. Isto é, se não quiser entrar em guerra com uma nação composta por 0 (reitero, ZERO) militares. Se John Lennon fosse vivo, provavelmente seria o cidadão número 3 do Principado, nem que tivesse de dormir no chão rochoso e ao relento.
Retirado da reportagem da TVI, podemos constatar algo surreal...
o asilado José Manuel Coelho a usar uma camisa abotoada.
Mas enfim, o que interessa realmente no fim disto tudo, é satirizar o que nos rodeia.
P.S.: Como prometido, fica aqui a página da Wikipédia do Principado da Pontinha, assim como o pedido de asilo político de José Manuel Coelho e a crítica de Ricardo Araújo Pereira que inspirou a escrita deste post:
Fiquei a saber o que não sabia...! Acho que a série «politiquices» pode ser muito interessante, e para continuar, Pedro!! FF
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EliminarE pensar que somos menos infantis que certos adultos quando, em pequenos, sonhamos em ter o nosso próprio reino...
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