sábado, 13 de janeiro de 2018

Filosofia Explicada: A Criação de Mais-Valia - Karl Marx

Introdução

 Karl Marx foi um filósofo, economista, historiador, sociologista, teórico político, jornalista e revolucionário socialista.
 A sua obra é das mais influentes, tanto a nível filosófico, como a nível político-económico, tendo como obras mais conhecidas O Manifesto do Partido Comunista, e o seu magnum opus, O Capital.
 N'O Capital, Marx faz críticas à sociedade capitalista, especialmente ao modo de produção capitalista e ao seu desrespeito pelos trabalhadores e pelo seu produto.
A mais-valia é um termo Marxista para descrever o que chamamos de lucro. No presente artigo iremos ver como Marx diz que se origina a mais-valia.
  

A Mais-Valia

 (Nota: Os valores aqui utilizados são meramente ilustrativos, e aproximados aos que Marx diz n'O Capital. Foram também mudados os nomes de francos para euros, com o objetivo de melhor compreensão.)
 Investigaremos o processo de produção de um casaco, para o qual necessitamos de um quilo de linha.
 Marx começa por nos dizer que o preço pelo qual o capitalista adquire uma matéria prima x, com o objetivo de o transformar, por meios de indústria, em produto y, será idêntico ao valor de produto y, após o processo industrial. Ou seja, se o capitalista adquirir dez quilos de algodão por dez euros, e obter desses dez quilos um total de dez quilos de linha, o valor dessa quantidade de linha continuará a ser de dez euros, inicialmente.
 De seguida, vem o valor do conjunto de máquinas necessários para a produção de linha. O exemplo dado por Marx é o de fusos necessários para a transformação do algodão em linha.
 Marx diz ainda que se o capitalista optar por usar, por exemplo, fusos feitos de ouro, e não de ferro, apenas se acrescenta o valor que se pagaria pelos fusos de ferro, visto que este é o valor correspondente ao tempo socialmente necessário para produzir o produto final. Explicando isto melhor: Marx diz que usar fusos de ferro serviria perfeitamente para produzir produto y, logo, a utilização de fusos de ouro trata-se de uma opção, e não de algo necessário. O valor extra que o capitalista paga pelos fusos de ouro não tem, na verdade, impacto verdadeiro sobre o produto. Isto deve-se ao tempo de produção dos fusos, que ocorre em paralelo, noutra fábrica e através da mão-de-obra de outros trabalhadores, ser inferior, mas produzir exatamente o mesmo resultado. Por isto, o tempo socialmente necessário influencia o valor, estabelecendo sempre o valor "real" de dito produto o mais baixo possível.
 Entram então os trabalhadores. Imaginemos que o trabalhador é pago três euros por dia, e num tempo total de seis horas consegue capital suficiente para viver. Ora, se numa hora de trabalho, o operário transformar 1.75 quilos de algodão em 1.75 quilos de fio, temos que em dez horas conseguirá transformar os dez quilos de algodão em dez quilos de fio totalmente.
 Se tomarmos que os fusos custaram ao capitalista dois euros e o algodão comprado equivale a um dia de trabalho (6 horas, neste caso), temos:
 10 (valor do algodão que já inclui o tempo de trabalho) + 2 (preço dos fusos) + 3 (salário pago aos operários e valor socialmente necessário) = 15.
 E que:
 10 (valor do fio) + 2 (preço dos fusos) + 3 (salário pago aos operários e valor socialmente necessário) = 15.
 Isto significa que o capitalista não consegue lucro absolutamente nenhum com o processo industrial!
 Ora, segundo Marx, o que o capitalista faz é algo simples: Aproveita-se do facto do operário só necessitar dos três euros diários (que ganha ao longo de seis horas), e fá-lo trabalhar, por exemplo, doze horas pelo mesmo valor.
 É através deste processo que os capitalistas geram a mais-valia.

Fonte:

MARX, Karl, O Capital Edição Popular, Edições 70