Uma condição necessária é apenas a condição introduzida pela consequente de uma proposição condicional; e uma condição suficiente é apenas a condição introduzida pela antecedente de uma proposição condicional.
Branquinho, J. & Murcho, D. org.
(2001). Enciclopédia dos Termos Lógico-Filosóficos. Gradiva. Lisboa.
P.151
Frequentemente fazemos a
pergunta: O que é X? Como em : O que é um mamífero? Ou O que é
um triângulo?
Quando fazemos estas
perguntas estamos a pedir uma definição. A definição de mamífero
ou a definição de triângulo, seguindo os nossos exemplos.
Uma resposta possível para
«o que é um mamífero?», ou seja, uma definição de mamífero, poderia ser: Um
mamífero é um animal vertebrado, de
sangue quente, cujas crias se alimentam do leite materno.
Não nos preocupa, agora,
verificar se esta é uma definição adequada ou não, pois queremos analisá-la,
apenas, do ponto de vista lógico.
Na realidade esta
definição está a mostrar-nos quais são as condições para que algo, possa
ser mamífero. Vejamos:
·
Se é mamífero, então (tem de ser) ANIMAL (1ª condição
necessária)
·
Se é mamífero, então (tem de ser) VERTEBRADO (2ª condição
necessária)
·
Se é mamífero, então (tem de ser) de SANGUE QUENTE (3ª condição
necessária)
·
Se é mamífero, então (tem de ser), enquanto cria, ALIMENTADO DE
LEITE MATERNO (4ª condição necessária).
Todas estas condições são necessárias,
pois têm de estar presentes no ‘mamífero’; sob o ponto de vista lógico, elas
constituem o consequente de uma proposição condicional cujo antecedente é ‘mamífero´
(o definido).
Queremos dizer, então, que estas condições
não podem estar ausentes: elas são necessárias. Mas elas não são suficientes
pois que nenhuma, só por si, chega para definir um ‘mamífero’.
Uma definição deve indicar-nos quais são as
condições necessárias e suficientes para que uma ‘coisa’ seja o que é: explicar-nos,
portanto, a essência da ‘coisa’.
Porém, o que distingue
condições necessárias de condições suficientes?
A condição suficiente é aquela que a ‘coisa’ não
partilha com outra classe de seres, portanto que, sendo necessária (pois não
pode estar ausente), a sua presença, só por si, define a ‘coisa’ – é própria
dela e de mais nenhuma outra.
Vejamos o modo como Aristóteles definiu o Homem:
O Homem é um animal
racional.
Se usarmos proposições
condicionais, teremos:
·
Se é Homem, então (tem de ser) ANIMAL (1ª condição necessária)
·
Se é Homem, então (tem de ser) RACIONAL (2ª condição
necessária)
Aristóteles mostra-nos
que, para definirmos Homem, é suficiente conjugarmos estas duas condições
necessárias.
Caso aceitemos que a
racionalidade é uma qualidade exclusiva dos seres humanos (o que pode ser
discutível) e não acreditemos, por exemplo, em seres angélicos ou extraterrestres
inteligentes, então ser RACIONAL é condição suficiente para ser Homem, pois que
a racionalidade não se aplica a mais nenhuma classe de seres.
Neste caso, e somente
neste caso, podemos definir o Homem como ser racional, mas também inverter o
consequente e o antecedente e afirmarmos:
·
Se Racional, então (tem de ser) HOMEM.
Esta seria, portanto, uma
propriedade lógica exclusiva das condições suficientes.
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